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Contradição ou contrariedade? : Cirne-Lima e a necessidade de correção do suposto sistema circular de Hegel

Resumo

Trata-se da contestação de uma das teses interpretativas centrais que Cirne-Lima defende sobre Hegel: a de que deveríamos ler “contradição” como “contrariedade”. No início, reconstruo a interpretação de Cirne-Lima e faço duas críticas: (i) Cirne-Lima ignora a origem do conceito “contradição” aplicada aos enunciados de identidade conceitual; (ii) Cirne-Lima atenta somente para um tipo de incompatibilidade envolvida na “negação” que constitui a contradição e esquece-se da tese de Hegel sobre o “regresso ao fundamento”. Nas partes finais do artigo, elaboro as consequências da interpretação de Cirne-Lima. A consequência de (i) é o desenvolvimento de uma interpretação que não vai além do que Hegel chama de “reflexão externa” (“é da predicação”) e ignora o papel da “contradição” na “reflexão interna” ( “é da identidade”). A de (ii) é a interpretação da “contradição” como “jogo de opostos”. Sugiro que esta última limitação é análoga ao que Brandom chama de “incompatibilidade material” e ignora uma das principais dimensões do que Hegel chama de o “negativo”: a autorreferencialidade. Para sustentar minha crítica (i) me apoio nos comentários de Pippin à Lógica da Essência e, no caso de (ii), na tese de Bordignon de que a autorreferencialidade é uma dimensão constitutiva da “negação determinada”.

Palavras-chave

Cirne-Lima, Hegel, contradição, negação determinada, determinações da reflexão

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