O atraso como condição da crítica: Paulo Arantes sobre A ideologia alemã
Resumo
Neste artigo, apresentamos a novidade interpretativa de Paulo Arantes sobre os manuscritos de A ideologia alemã: a compreensão de que o problema fundamental da Dialética – a mediação entre o universal e o particular, ou, o acerto de contas entre a ideia e a realidade efetiva – persiste precisamente na consideração de Marx e Engels sobre o atraso político e econômico da Alemanha do Vormärz e na forma com que a filosofia pós hegeliana expressa esse atraso. Ao enfatizar a crítica dos universais de Stirner como fundamental para a própria crítica da ideologia de Marx e Engels, Arantes tanto se difere da história da recepção clássica desses manuscritos, que centraliza a crítica dos autores a Feuerbach, quanto antecipa a posição difundida na bibliografia recente sobre Marx e Engels, sem recorrer, contudo, a estudos filológicos, como faz a literatura em torno do projeto MEGA² desde os anos 1990. Com isso, o texto que se toma comumente como uma saída da filosofia em direção ao chamado materialismo histórico pode ser lido como uma “negação determinada [ao idealismo] [...] cujo materialismo, vê-se logo, não se detém na redução das idéias à matéria literal que as suporta” (Arantes, 1996, p. 369).
Palavras-chave
Paulo Arantes, A ideologia alemã, crítica da ideologia, dialética, atraso