O Trinitarianismo hegeliano entre o Cristianismo e o Hinduísmo: um novo olhar a partir do Saivismo
Resumo
Este artigo tem como objetivo expor e avaliar criticamente a polêmica lançada por Hegel em sua comparação da representação religiosa do Trimurti contra a Santíssima Trindade, do Hinduísmo pur??ico e do Cristianismo respectivamente. O filósofo germânico entende que a doutrina do Trimurti não pode estabelecer uma base coerente para uma concepção triádica da divindade que seja verdadeiramente dialética, uma vez que o terceiro membro da tríade é reduzido a um mero destruidor que por si só não difere coordenativamente em relação aos demais membros: isto é, não representa uma verdadeira reconciliação do espírito tal como apresentado na trindade cristã, mas apenas uma transição na forma de um ciclo constante de passagem da criação à destruição. Este fracasso no desenvolvimento de uma tríade divina verdadeiramente dialética condenaria o pensamento indiano a conceber o absoluto em termos de um mero “formalismo monocromático”. Tendo exposto essas críticas, pretendemos avaliá-las pelas lentes de pensadores da tradição das vertentes Siddhanta e Trika do Saivismo, propondo que ali encontremos as críticas de Hegel já antecipadas e respondidas, a ponto de desenvolver uma concepção filosófica e religiosa do absoluto triádico que é profundamente semelhante à do próprio Hegel.
Palavras-chave
Teologia comparada, Trindade, Hegel, Saivismo, Índia