Hegel e Hamann: alguns diálogos
Abstract
RESUMO: O presente texto busca explicitar o diálogo de Hegel com H. G. Hamann a partir da oposição, por este último, de uma idéia de razão mediada pela linguagem ao que ele nomeia, sob forma humorística, como a razão “purificada” resultante do esforço crítico kantiano. Hegel incorpora, no desenvolvimento especulativo do conceito de espírito, essa reflexão hamanniana sobre a linguagem como objetivação histórica fundamental. A pensa, entretanto, como insuficientemente determinada para expor a conexão entre razão e história, avançando especulativamente até o conceito de Estado para expor a objetividade do espírito. Aqui, apresentaremos as reflexões de Hamann em seu diálogo com Kant diretamente remetidas à Metacrítica hamanniana, embora seu conteúdo seja pensado já sob a mediação da sua recepção por Hegel. Partiremos de uma citação de Hamann por Hegel na Filosofia da Natureza e dela nos remetermos aos Escritos de Hegel sobre Hamann. Articularemos, em seguida, estes Escritos a alguns momentos da Enciclopédia para daí, finalmente, nos remetermos a uma breve referência ao texto da Estética. A exposição tem o sentido de explicitar os termos nos quais a reflexão hamanniana sobre a linguagem como objetivação fundamental da experiência humana aparece a Hegel como exposição da idéia subjetiva, exposição capaz, nos termos de seus Escritos sobre Hamann, de apresentar a crítica ao que Hegel chama de “entendimento seco”, para evidenciar tanto a sua verdade quanto o seu limite diante da exposição especulativa da mediação do Estado.
Palavras-chave: Hegel, Hamann, Metacrítica, Linguagem, História, Estado.
ABSTRACT: This article intends to make explicit Hegel”s dialogue with H.G Hamann. Taking as a point of depart the opposition made by the latest of an idea of reason mediated by language - which he calls, in humoristic terms, a “purified” reason, as a result of Kant’s critical effort – it is intended here to show how Hegel incorporates, in the speculative development of the concept of spirit, the hamannian reflection about language as the main historical objectivation. For Hegel, this reflexion in insufficiently determined to express the connection between reason and history, what leads him to the concept of State to unveil the objectivity of spirit. To achieve our purposes, Hamann’s reflexions and his dialogue with Kant in Metacritics are presented throughout Hegel’s interpretation. We start with a Hegel’s quotation of Hamann - found in The Philosophy of Nature – to refer to the Writings of Hegel about Hamann. This Writings will be articulated to the Encyclopedia and a brief reference of the Aesthetics. It is sought here to show in what sense the hamannian reflexion on language as the main objectivation of human’s experience appears to Hegel as the exposition of the subjective idea. Such exposition, according to Hegel’s Writings about Hamann, allows to present a critique on what he calls a “dry understanding” in order to express its truthiness and limits facing the speculative exposition of the State mediation.
Keywords: Hegel, Hamann, Metacritics, Language, History, State.