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Call for Papers

2022-02-22

HEGEL DE UMA PERSPECTIVA INTERCULTURAL, VOLUME I: HEGEL E A ÍNDIA

 Hegel é um filósofo incontornável no processo da associação entre filosofia e história. Sua obra é central tanto para o desenvolvimento de uma concepção filosófica da história quanto para o estabelecimento de um cânone – problemático ou não – da história da filosofia. Nesse sentido, é importante notar como a história da filosofia hegeliana é inseparável da própria filosofia hegeliana: por meio dela, não apenas se expõe o desenvolvimento dos principais conceitos filosóficos hegelianos, mas também se visa a justificar a necessidade dos mesmos. Por isso, discutir a relação de Hegel com outras tradições de pensamento não incluídas em sua história da filosofia não é apenas de interesse para reconhecer o valor filosófico de outras tradições, mas também para indicar as tensões do núcleo conceitual da própria filosofia hegeliana, de uma maneira tal que apenas o confronto com outras tradições de pensamento poderia de fato trazer à tona. 

É com isso em mente que, com este call for papers, começamos uma série de dossiês para a Revista Estudos Hegelianos com o tema “Hegel de uma perspectiva intercultural”, no qual se tratará de discutir as diversas relações tensas, problemáticas e, ao mesmo tempo, cheias de potencial, da filosofia hegeliana com tradições filosóficas não-europeias. Para o primeiro volume desta série, em particular, escolhemos o tema “Hegel e a Índia”, tema que nos parece mais do que adequado para começar a série. Afinal, dentre todos os confrontos de Hegel com outras tradições de pensamento, aquele com a cultura e pensamento indianos é um dos mais ambíguos. Inicialmente marcado por uma atitude de hostilidade, a atitude hegeliana se revela mais ambígua com o tempo, o que é sem dúvida uma consequência, entre outras coisas, do acesso cada vez maior que Hegel teve a obras sobre o pensamento indiano e mesmo a traduções de originais. Tal ambiguidade se manifesta na oscilação do juízo hegeliano sobre o teor filosófico do pensamento indiano. Seria tal oscilação um indicativo dos limites de seu pensamento? O que está em questão no confronto de Hegel com o pensamento indiano? Trata-se de um debate especificamente histórico sobre a localização do surgimento da filosofia ou pode-se ver aqui algum tipo de desafio sistemático para a compreensão hegeliana da filosofia como acontecimento histórico? Poderia tal desafio expor limites da compreensão hegeliana de alguns conceitos centrais para seu sistema, como substância, sujeito, liberdade e indivíduo?

São questões como essas que gostaríamos de explorar nesse primeiro volume de nossa série sobre “Hegel de uma perspectiva intercultural”. Nesse sentido, serão bem-vindos todos artigos e contribuições que versem de alguma maneira sobre a relação de Hegel com a cultura, pensamento, filosofia e religião indianas. Em especial, serão bem-vindos artigos que analisem o papel desse confronto em dimensões centrais do edifício filosófico hegeliano, quer estejamos falando, mais obviamente, da história da filosofia, quer estejamos falando, ainda, da filosofia da história, da estética, ou mesmo da ciência da lógica, para mencionar apenas algumas possibilidades. Também serão bem-vindas traduções e resenhas que sejam compatíveis com a temática e a proposta do dossiê.

 

Deadline para submissão dos textos: 30/9/2022


Sugestões de temas: 

O lugar da filosofia indiana na história da filosofia de Hegel;

A Índia na filosofia da história hegeliana;

O problema do sujeito/da consciência em Hegel e nas filosofias indianas;

Recepção e debate da filosofia indiana em Hegel e seus contemporâneos;

A arte indiana nos cursos de estética;

Abordagens hegelianas e indianas da arte;

Recepções contemporâneas da leitura de Hegel da Índia;

Concepções hegelianas e indianas da história: contrastes e semelhanças

Filosofia ou Religião? O debate hegeliano sobre o pensamento indiano;

A religião como problema filosófico: as visões de Hegel e indianas sobre a religião.

 

Lucas Nascimento Machado

Luis Fellipe Garcia