A lógica da efetividade de Hegel e seu significado para a filosofia prática
Resumo
Nós observamos que recentemente os tópicos da pesquisa em Hegel referem-se cada vez mais aos às suas obras “real-filosóficas” e às suas conferências sobre a filosofia do direito, a fim de lhes ligar questões de filosofia prática, por exemplo em relação ao feminismo, pós-colonialismo, Critical Race Theory, mudanças climátias etc. Neste ensaio, não pretendo participar nestes debates em termos de conteúdo, mas mostrar que a relevância real de Hegel para a filosofia prática não reside em citações escolhidas a dedo das obras mencionadas, mas na análise profunda da parte de sua obra principal na qual ele sistematicamente desenvolve os temas básicos da filosofia prática: na seção sobre efetividade (Wirklichkeit) na Ciência da Lógica. Tópicos centrais como a liberdade, subjetividade, poder, violência etc. serão discutidos aqui e apresentados em sua lógica interna. O próprio Hegel referiu-se a essa parte de sua Lógica em defesa da sua afirmação muito criticada de que o real é o efetivo e vice versa. Vou, portanto, traçar a linha de argumentação dessa importante seção e discutir, a partir dela, algumas consequências para a filosofia prática ou política. Ao fazê-lo, tornar-se-á visível que algumas das disputas atuais relativas às posições teóricas e políticas de Hegel são, antes, classificações dentro dos limites do pensamento “inteligível” (verständiges Denken), para além do qual a dialética de Hegel já passou há muito tempo.Palavras-chave
Ciência da Lógica, Efetividade, Razão, Substância e Sujeito, Poder, Violência, Lógica da Liberdade, Hege