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Call for Papers: Filosofia da Natureza e Natureza do Espírito

2023-04-20

A Revista Estudos Hegelianos recebe até o dia 29 de fevereiro de 2024 artigos para a publicação de um número temático sobre as diversas dimensões da natureza na filosofia de Hegel. São bem-vindas contribuições que explorem o tema, p. ex. (1) a partir de uma perspectiva histórico-filosófica, contextualizando a visão de Hegel dentro da filosofia clássica alemã e dos debates ao longo do século XIX, (2) a partir do debate contemporâneo sobre a formação de capacidades conceituais e o conceito hegeliano de segunda natureza e (3) a partir de questões contemporâneas sobre o antropoceno e a crise ou emergência climática.

Já em um fragmento de 1803, “A essência do espírito”, Hegel afirma que a “essência do espírito é que ele se encontra em oposição a uma natureza, combate essa oposição e vem a si mesmo como vencedor sobre a natureza.” Na versão da Enciclopédia de 1817, Hegel afirma que o “espírito tem para nós a natureza como sua pressuposição” e que no conceito de espírito a “natureza desapareceu” [seinem Begriffe ist die Natur verschwunden]. O espírito se apresenta então como ideia, como identidade entre sujeito e objeto, mas essa identidade é “negatividade absoluta, pois o conceito de espírito tem na natureza a sua “objetividade exterior perfeita” [vollkommene äusserliche Objectivität]. Ao suspender essa “exteriorização” [Entäusserung], o espírito se torna “idêntico consigo mesmo”. A suspensão da exteriorização significa, porém, que a natureza é conservada como uma pressuposição do espírito: “Ele é, com isso, essa identidade apenas como o retornar a partir da natureza” [Er ist diese Identität somit nur, als Zurückkommen aus der Natur.] Na Enciclopédia de 1830, a natureza aparece como o que é exterior não apenas em relação à ideia lógica [so ist die Natur nicht äußerlich nur gegen diese Idee]: a “exterioridade” [Aeußerlichkeit] constitui a determinação mesma da natureza enquanto ser-aí da ideia.

Essa relação intrincada entre natureza e espírito alimenta também uma série de questões quando se aborda o espírito em sua relação “consigo mesmo”. Por exemplo: o que significa considerar o “sistema do direito”, o “reino da liberdade efetivada”, como uma “segunda natureza”? O que é essa “segunda natureza” que entra no lugar de uma “vontade natural” e que se apresenta como “identidade simples” dos indivíduos com o elemento-ético, posta como “costume” ou “hábito”? Por que princípios da história mundial se apresentam para Hegel como “princípios naturais imediatos”? Quais as implicações para pensar questões contemporâneas de justiça global quando o Estado-nação é considerado a “forma natural” de um povo? [Nation ist das, was ein Volk in natürlicher Form ist.]

Estas são algumas questões levantadas apenas para provocar o debate – de forma alguma para restringi-lo.

As submissões devem ser feitas pelo site da revista e observando as diretrizes de publicação (https://ojs.hegelbrasil.org/index.php/reh/about/submissions)

Prazo para as submissões: 29 de fevereiro de 2024

Publicação prevista para o primeiro semestre de 2024

Mais informações: estudoshegelianos@gmail.com